ATA DA VIGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 02.09.1999.
Aos dois dias do mês de setembro do ano de mil
novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezoito horas e dez
minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, em homenagem aos
duzentos e vinte e seis anos da Câmara Municipal de Porto Alegre e de entrega
do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Afonso Antunes da Motta, nos
termos, respectivamente, do Requerimento nº 30/99 (Processo nº 616/99), de
autoria da Mesa Diretora, e do Projeto de Resolução nº 33/95 (Processo nº
2063/95), de autoria do Vereador Nereu D'Ávila. Compuseram a MESA: os
Vereadores Nereu D'Ávila e Juarez Pinheiro, respectivamente, Presidente e 1º
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Doutor Rogério Favreto,
Procurador-Geral do Município, representante do Senhor Prefeito Municipal de
Porto Alegre; o Senhor Heron de Oliveira, representante do Senhor Governador do
Estado do Rio Grande do Sul; o Desembargador Cacildo de Andrade Xavier,
Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor
Jaime Sirotsky, Presidente do Conselho de Administração da RBS; o Senhor Nelson
Sirotsky, Diretor-Presidente da RBS; o Senhor Afonso Antunes da Motta,
Homenageado; o Vereador Adeli Sell, 1º Secretário deste Legislativo. Ainda,
como extensão da Mesa, foram registradas as presenças dos Senhores Cassiano
Paim da Motta, Lívia da Motta, Adriana Chaves Barcelos Motta, Ana Teresa,
Letícia, Lucila, Guilherme e Afonso Filho Motta, familiares do Senhor Afonso
Antunes da Motta. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé,
ouvirem à execução do Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra aos
Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Nereu D'Ávila, como
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre e em nome da Bancada do PSB,
discorreu acerca da vida pessoal e profissional do Senhor Afonso Antunes da
Motta, afirmando ser a atuação de Sua Senhoria marcada pelo talento, pela
obstinação e pela dedicação ao trabalho. Também, historiou sobre a fundação e
crescimento da Câmara Municipal de Porto Alegre, destacando as mudanças
políticas observadas na sociedade brasileira, em especial no referente às
formas de representatividade política da população. O Vereador Luiz Braz, em
nome da Bancada do PTB, analisando o significado histórico da Câmara Municipal
de Porto Alegre, comentou a presença marcante deste Legislativo nos principais
momentos políticos e sociais da Cidade, ressaltando posições assumidas por
Vereadores da Casa durante a Revolução Farroupilha e quando das mudanças políticas
ocorridas em mil novecentos e sessenta e quatro. Ainda, externou seu
reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelo
Senhor Afonso Antunes
da Motta em prol da comunidade porto-alegrense. O
Vereador Isaac Ainhorn, em nome da
Bancada do PDT, registrou ser a Casa uma das mais antigas Câmaras do
País, salientando sua alegria por participar da presente solenidade. Discorreu
sobre a atividade profissional do Homenageado, dizendo ser Sua Senhoria exemplo
de espírito empreendedor e ligado aos ideais trabalhistas, mantendo, através do
constante envolvimento comunitário, a fidelidade a esses ideais e a firmeza de
seus posicionamentos. O Vereador Adeli Sell, em nome da Bancada do PT, teceu
considerações acerca do trabalho realizado por antigos integrantes deste Legislativo,
defendendo a necessidade de uma luta contínua para construir uma cidade melhor
para as futuras gerações. Também, destacou a atuação do Senhor Afonso Antunes
da Motta, salientando sua aceitação do contraditório e a importância dessa aceitação
para o estabelecimento concreto da democracia. O Vereador João Carlos Nedel, em
nome da Bancada do PPB, dizendo ser o Direito, a Administração e a Imprensa
três áreas básicas para a atividade humana, salientou os posicionamentos éticos
sempre assumidos pelo Senhor Afonso Antunes da Motta em sua atividade
profissional, ressaltando a justeza da homenagem hoje prestada pela Casa a Sua
Senhoria. A Vereadora Clênia Maranhão, em nome da Bancada do PMDB,
congratulou-se com o Vereador Nereu D'Ávila, pela proposta de concessão do
Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Afonso Antunes da Motta,
comentando a trajetória marcante do Homenageado junto à RBS. Ainda, atentou
para o papel exercido pela Câmara Municipal de Porto Alegre, como canal para
divulgação e defesa das aspirações da comunidade. O Vereador Reginaldo Pujol,
em nome da Bancada do PFL, registrou a amizade pessoal que mantém com o Senhor
Afonso Antunes da Motta, falando das qualidades profissionais de Sua Senhoria e
ressaltando sua atuação marcada pela ausência de radicalismos e pela busca da
construção social através do trabalho jornalístico. O Vereador Lauro Hagemann,
em nome das Bancadas do PPS e do PSDB, historiou acerca dos duzentos e vinte e
seis anos da Câmara Municipal de Porto Alegre. Comentou a importância do
acompanhamento, pela população, das atividades deste Legislativo, a fim de ser
viabilizado o real avanço social, analisando o significado do trabalho da
imprensa para informação e integração da comunidade. A seguir, o Senhor Presidente
concedeu a palavra ao Senhor Rui Fabris, que, em nome da Casa do Alegrete,
homenageou o Senhor Afonso Antunes da Motta. Também, os Senhores Vítor Borges
de Mello, Alceu da Silveira Vargas e Terezinha Albuquerque, respectivamente,
Presidente, Presidente do Conselho e Secretária da Casa do Alegrete, procederam
à entrega do Brasão da Casa do Alegrete ao Senhor Afonso Antunes da Motta. Em
continuidade, o Senhor Presidente procedeu à entrega do Título Honorífico de
Cidadão Emérito ao Senhor Afonso Antunes da Motta e, após, concedeu a palavra
ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido. Durante seu pronunciamento, o
Vereador Reginaldo Pujol registrou as presenças dos Senhores Paulo Sant'Ana, Cândido Norberto, Cézar Busatto, Frederico Antunes
e Germano Bonow. Também, o
Senhor Presidente registrou as presenças dos Senhores Adroaldo Loureiro, Carlos
Araújo, Ana Amélia Lemos, Carlos Fernandes, Lauro Quadros, Tânia Carvalho, José
Barrionuevo, Lasier Martins, Dilma Roussef, Kenny Braga, Marcelo Rech, Raul Costa
Júnior, Marco Antônio Baggio, Rosane de Oliveira, Marco Aurélio, Irani
Siqueira, Batista Filho, Luís Coronel e Luís de Miranda. Em prosseguimento, o
Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino
Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar,
declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e dez minutos, convocando os
Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila e Juarez Pinheiro e
secretariados pelo Vereador Adeli Sell. Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Senhoras e Senhores, boa tarde. Esta
Sessão Solene destina-se à homenagem aos 226 Anos da Câmara Municipal de Porto
Alegre e à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Dr. Afonso
Antunes da Motta, conforme proposição deste Vereador e aprovada por unanimidade
pelos Senhores e Senhoras Vereadoras.
Convidamos
para compor a Mesa: o Dr. Afonso Antunes da Motta, nosso homenageado; o Dr.
Rogério Favreto, Procurador-Geral do Município; Sr. Heron de Oliveira,
representante do Senhor Governador do Estado; Sr. Desembargador Cacildo de
Andrade Xavier, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado; Sr. Jaime
Sirotsky, Presidente do Conselho de Administração da RBS; Sr. Nelson Sirotsky,
Diretor-Presidente da RBS.
Convidamos
todos presentes para, em pé, ouvir o Hino Nacional.
(Executa-se
o Hino Nacional.)
Solicito
ao Ver. Juarez Pinheiro que assuma a Presidência dos trabalhos para que este
Vereador possa pronunciar-se.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra,
como proponente do Título e pela Bancada do PSB.
O SR. NEREU D’ÁVILA: (Saúda os componentes da Mesa.) Autoridades, Secretários de Estado;
Deputados, Vereadores e Vereadoras desta Casa; familiares do homenageado,
colegas do homenageado na RBS; Srs. Pais do Homenageado; colônia alegretense,
presente em grande quantidade, aqui; amigos,
admiradores de Afonso Antunes da Motta, Senhoras e Senhores. Esta Casa se
sente, hoje, engalanada por conceder o Título de Cidadão Emérito a uma figura
ímpar da sociedade, inserida na alta administração de uma poderosa rede de
comunicação deste Estado.
De
outro lado, constitui-se um momento de grande satisfação, pois, há muitos anos,
juntamente com o Afonso, começamos a peregrinar pelos caminhos da busca
daqueles objetivos e ideais que povoaram a nossa juventude. Isso aconteceu
desde os primeiros momentos em que este Vereador, trabalhando na Assembléia
Legislativa do Estado, conheceu o homenageado que, embora nascido em Porto
Alegre, muito cedo transferiu-se para Alegrete e retornava à Capital para o
início da sua vida. Então, muito jovens ainda nos conhecemos, e pude
acompanhar, de perto, a trajetória de Afonso Antunes da Motta.
Se
alguém chegasse aqui hoje, com este auditório cheio de estrelas, cheio de
personalidades ilustres, cheio de nomes, os mais conhecidos de nossa população,
talvez pensasse que o Afonso estivesse recebendo esta homenagem somente pelo
sucesso e prestígio que agora desfruta na sociedade gaúcha, mercê do alto cargo
de Vice-Presidente corporativo da poderosa Rede Brasil Sul.
Nós
que acompanhamos a sua trajetória, e, por isso, lhe outorgamos o Título de
Cidadão Emérito, já que nascido em Porto Alegre não poderia receber o Título de
Cidadão de Porto Alegre, sabemos o mérito que o Afonso teve durante essa trajetória,
que, aliás, foi rápida, fulminante, mercê do seu talento, da sua obstinação e,
principalmente, da sua vontade e dedicação ao trabalho que lhe é atribuído.
Inicialmente,
estagiou em escritório famoso de advocacia, ainda na Faculdade de Direito da UFRGS,
onde estudávamos naquela época. Iniciou a sua trajetória em balcão de farmácia,
e, mercê do seu esforço, acabou, quando formado, sendo promovido ao setor
jurídico de uma grande rede de farmácias desta Cidade e deste Estado. Depois,
prosseguiu, como advogado, destacando-se, principalmente, em áreas comerciais,
pelo seu esforço, seu conhecimento, sua adaptação ao Direito Comercial no campo
jurídico; mais adiante em bancos e, após, consultor jurídico de vários
estabelecimentos. Em 1987, entrou, como consultor jurídico, na RBS. Nesses doze
anos, - não dito por ele, mas dito por outras pessoas, porque quem conhece o
Afonsinho sabe da sua modéstia -, desenvolveu sua capacidade incrível de fazer
amizades por, exatamente, permanecer tranqüilo, calmo, sereno e amigo dos seus
amigos; sua enorme habilidade de aglutinar, da sua enorme aptidão para o
trabalho nessa Empresa. Empresa onde todos hão de imaginar que, para destacar o
conjunto de pessoas qualificadas, a partir do Diretor-Presidente e do
Presidente do Conselho de Administração, o quanto deve ser bastante árido para
pontificar uma empresa desse quilate, no entanto, doze anos no campo do
Departamento Jurídico, hoje, ele está como Vice-Presidente corporativo e faz
parte do alto comando do sistema RBS.
Os
homens não devem ser medidos ou qualificados pela vida que eles possam levar,
seja uma vida pomposa ou seja uma vida obscura. A grandeza dos homens é medida
pelos atos praticados, pelas idéias que fundem, pelos sentimentos que comunicam
aos seus semelhantes. Por isso, os atos praticados pelo Dr. Afonso Antunes da
Motta sempre estiveram realçados e associados aos atos do bem e da amizade, do
humanismo e da obstinada capacidade de trabalho. As idéias que sempre difundiu,
e é coerente dentro da pluralidade das idéias, é de que os gaúchos são pródigos
em produzir - graças a Deus - na grandeza do contraditório, nunca no diapasão
da unanimidade subserviente. Essas idéias nós - quando digo nós me incluo, pois
ele nunca renegou os nossos ideários do trabalhismo - adotamos desde o passo de
nossa juventude. Hoje, absorvido nas suas lides, ele não exerce - e poderia -
as suas qualidades de ser um líder político, dentro do nosso Partido, embora
tenha pertencido a Executiva Estadual do Partido em outras épocas. Mas tem
também aquele apanágio do gaúcho de nunca renegar as suas idéias, de nunca
virar as costas aos ideais que abraçou na juventude. Finalmente, os sentimentos
que Afonso Antunes da Motta comunicou aos seus semelhantes sempre foram aqueles
sentimentos que nós devemos priorizar.
A
Martha Medeiros, no domingo passado, dentro do talento que a classifica, ao
comentar um filme que está na praça, deu uma lição de como ela gostaria que os
homens fossem - não é o seu desejo, mas o desejo de todos aqueles que têm
sensibilidade - dizendo que nós outros, os homens, devemos desbloquear mais os
nossos sentimentos para liberarmos mais aquilo que, às vezes, ou por timidez ou
por falso conceito de cultura, não liberamos, principalmente, às nossas
parceiras, às queridas mulheres.
Esse
desbloqueio nos impulsiona a ter mais sensibilidade para com as coisas da vida,
para com os nossos semelhantes, para com os que convivem conosco, para com os
nossos afetos.
E
aí, eu vejo no Afonso, sempre vi, esta enorme qualidade, que é a afeição, a
dedicação àqueles que são os seus amigos, bem como, a capacidade de aumentar
suas amizades.
Exatamente
porque ele é afetivo, dócil, dedicado, a qualquer momento pode ser abordado com
facilidade.
Então,
se o Dr. Afonso Antunes da Motta levasse uma vida obscura - e não leva - as
suas qualidades se sobreporiam, pois são estas que medem a grandeza dos homens.
Finalmente,
quero dizer que, por ele pertencer a um sistema de mídia - que pode ser
contestado, sim, dentro de uma pluralidade que nós, gaúchos, tanto cultuamos e
cultivamos -, embora problemas possam existir, o que importa é a convivência
democrática. Já ultrapassei, há muito, os passos da adolescência e entendo como
as coisas são. Custou-nos, duas décadas ou mais, para adquirir a liberdade que
hoje estamos vivendo. Ontem, na Plenária de Estudantes, jovens do 2º Grau de
colégios importantes da Cidade dialogavam conosco, e nós dizíamos que é
importante inocular nas mentes do jovens que esta democracia não nasceu nesta
plenitude que está, ela foi cultivada e, inclusive, teve o sacrifício de
muitos, até de alguns que aqui vejo. Nós, que também participamos desta
democracia, sabemos que democracia não é democratismo; ela tem os seus limites
e se autolimita, até porque há que se ter liberdade, mas também responsabilidade
na liberdade.
Por
isso, neste momento, com muita honra, outorgamos a Afonso Antunes da Motta o
Título de Cidadão Emérito desta Cidade de Porto Alegre. É evidente que ele
recebe este Título na condição essencial, não só de sua vida pessoal que
ressaltei, mas também de sua vida profissional que acabo de mencionar.
Concluo
dizendo que esta Casa, dentro de uma pluralidade democrática, que respeita para
ser respeitada, sente-se honrada com alguém que, de moto próprio, com esforço
pessoal, conseguiu uma posição de proeminência na sociedade gaúcha, e que esta
proeminência não foi fruto de um ato outorgado do rei ao súdito, mas foi
buscado e construído com muito sacrifício e esforço e, acima de tudo, com a
obstinação de que o trabalho vence todas as barreiras.
Afonso
Antunes da Motta, receba de Porto Alegre esta homenagem, porque esta Casa tem o
conjunto da votação, da representatividade de toda a Cidade. Hoje, completamos
226 anos e esta homenagem faz parte desta comemoração.
Quando
José Marcílio de Figueiredo, em 1773, fechou os portões da Cidade, da Vila
Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre, neste ato insólito, para que os
cinco vereadores de então permanecessem em Porto Alegre, não fossem a Viamão,
naquele 6 de setembro de 1773, a Câmara iria-se desdobrar por mais de duas
décadas. Só que a Câmara do século passado e do antepassado não era a Câmara de
hoje, não tinha a força da representatividade de hoje. Em 1871 havia dez mil
moradores em Porto Alegre e apenas quatrocentos moradores votavam; não votavam
os negros, as mulheres, os praças; o voto era censitário.
Dr.
Getúlio Vargas, por decreto, em 1932, concedeu o voto às mulheres. Os
analfabetos conseguiram, mais tarde, o voto; os praças e os soldados também.
Portanto, a abrangência dos votos, e a representatividade de hoje é maior e
mais responsável porque, hoje, ela vem do conjunto total da sociedade, e não
apenas de uma elite. E mais, daqueles quatrocentos eleitores de 1871, hoje, na
Cidade de Porto Alegre, estamos perto de um milhão de eleitores.
Por
isso, trinta e três Vereadores, ao concederem o Título de Cidadão Emérito,
representam o conjunto de um milhão e trezentos mil habitantes e,
evidentemente, quase um milhão de eleitores, com muita honra.
Afonso
Antunes da Motta, foi para mim um privilégio conceder-te este Título. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): O Ver. Luiz Braz está com a palavra e
falará em nome da Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Esta Sessão Solene ocorre em
homenagem aos 226 anos da Câmara Municipal, fazendo parte da homenagem esta
entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Afonso Antunes
da Motta.
A
história desta Instituição é muito importante. Seu passado não deve ser
esquecido por nenhum de nós. Queremos reverenciar, neste momento, os nossos
primeiros Vereadores, os seus primeiros atos, a participação de cada um nos
diversos episódios onde o nosso Legislativo esteve envolvido. A leitura das
atas nos dá um relato sobre a verdade daqueles tempos, transmite-nos a correta
dimensão da pujança deste Poder onde atuamos. A Câmara sempre esteve presente
nos principais momentos desta Cidade, e sua resposta sempre foi altaneira.
Quando
da leitura da sua primeira ata, nos primórdios desta Casa, vimos a preocupação
dos nossos edis com as crianças órfãs e as ações desenvolvidas para que elas
fossem adotadas, a fim de que, pelo menos naquela época, o problema fosse
resolvido. Mal sabiam eles que esse problema iria crescer e hoje, ao invés
daquelas soluções encontradas, quando se remuneravam as famílias dispostas a
colaborar, elas são abandonadas não apenas pelos seus pais, mas também pelo
próprio Poder Público. Se elas não ficam perambulando pelas ruas, são levadas
para casas como, por exemplo, a FEBEM, onde suas chances são muito pequenas.
A
nossa Câmara também marcou posição firme na ocasião em que os Farroupilhas
escreveram uma história de orgulho e honra para o nosso povo. Os Vereadores de
então mostraram coragem e tirocínio em todas as suas manifestações. É claro que
suas ações só podiam refletir o clima da época. O momento cultural era outro,
mas tudo o que aconteceu foi ditado pelo senso de responsabilidade de cada um.
Apesar do posicionamento contrário aos Farroupilhas, eles demonstraram firmeza
em suas ações. E isso é tudo o que podemos querer de um homem público, que
possa falar de suas idéias com toda a liberdade.
Mais
recentemente, durante o episódio de 64, os Vereadores demonstraram bravura e
independência ao falarem de suas convicções. Muitos foram cassados. E aqui
queremos fazer uma homenagem muito particular a uma Vereadora desta Casa, que
não está presente, Vera. Tereza Franco, que resgatou o valor de cada um dos
cassados, fazendo-lhes uma homenagem sem precedentes na história de toda a
Câmara, eternizando seus nomes, numa placa, na principal entrada deste
Legislativo. Foi a oportunidade de uma mulher do povo, com um passado cheio de
sofrimento, que também sentiu na carne todas as desigualdades e desventuras
propiciadas pelo destino, lembrar-se de homens que tiveram, primeiro do que
ela, o privilégio de lutar por seus ideais, pensando em uma sociedade mais
justa e com maiores oportunidades para todos.
E,
neste instante, em nome da democracia, eu também quero fazer uma homenagem a um
outro Vereador, que não está presente, mas que representa a vertente militar, o
meu amigo Pedro Américo Leal, que é um grande símbolo da luta democrática. E,
por pensar diferente daqueles que foram homenageados por Tereza Franco,
enriquece com seus pensamentos os debates efetuados neste e em outros tantos
parlamentos.
Hoje,
nós, Vereadores dos tempos modernos, temos uma missão muito especial. A nossa
luta é para que a democracia seja fortalecida. A democracia constantemente
ameaçada através das atitudes de governantes que usam as comunidades como massa
de manobra a fim de se manterem no poder. Para isso, vale tudo: mentiras,
engodos, uso da máquina pública e tudo aquilo que for necessário para que seus
objetivos possam ser atingidos. O governante leva o povo a pensar que tem poder
de decisão, mas ele é apenas massa de manobra. A missão desta Câmara é não
deixar que o crime possa ser consumado de forma irremediável. Temos obrigação de
lutar com todas as nossas armas, e a principal é a coragem de denunciar, a
firmeza e determinação para que este povo seja conscientizado a fim de que
reaja a todas as tentativas que forem efetuadas nessa direção.
A
nossa missão, como Vereadores, nos tempos modernos, é procurar trabalhar junto
com o melhor que existe dentro da nossa sociedade, para que os resultados desse
trabalho beneficiem todos que queiram uma sociedade melhor. É por isso que é
importante o reconhecimento que esta Casa faz às pessoas que se destacam em
suas funções, sejam elas nascidas em Porto Alegre ou fora do nosso território.
O importante é que sejam pessoas que já deram muito de si para o crescimento da
Cidade.
Nesse
sentido, quero saudar este Legislativo pela escolha do Dr. Afonso Antunes da
Motta para ser homenageado na semana mais importante para todos nós, Vereadores
de Porto Alegre. Ele é nascido aqui em Porto Alegre, Cidade que,
definitivamente, está plasmada em meu coração. Não tive a ventura de nascer
nessas paragens, mas foi através da empresa da qual V. Sa. é o Diretor
Superintendente, que ganhei a graça maravilhosa de ser considerado Gaúcho
Honorário.
Não
preciso aqui falar do seu passado, do seu currículo, que é respeitável, pois o
Ver. Nereu D’Ávila já o fez, mas quem conhece o seu trabalho sabe que a entrega
desse Título vem honrar sobremaneira esta Casa. Esta homenagem é símbolo da
homenagem que a Câmara faz a todos os seus melhores cidadãos. Amo esta
instituição. Amo esta Cidade, e amo todos que ajudam a fazê-la uma Cidade
melhor para todos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de conceder a palavra ao próximo
orador, nós queremos dizer que, como extensão da Mesa, nós consideramos os pais
do homenageado, Sr. Cassiano Paim da Motta e Dona Lívia da Motta; a esposa do
homenageado, Adriana Chaves Barcelos Motta, os filhos do homenageado: Ana
Teresa, Letícia, Lucila, Guilherme e Afonso Filho Motta.
O
Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra e falará em nome do PDT.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Valemo-nos - e apelei a V. Exa.,
Sr. Presidente - de um expediente regimental para poder fazer uso da palavra,
porque a intervenção de V. Exa., tranqüilamente, poderia ter sido na condição
de proponente e pela Bancada que V. Exa. integra, o PDT. No entanto, me vali do
expediente regimental para poder falar em nome do nosso Partido, o PDT; e V.
Exa., como autor da proposta. Aliás, essa experiência não é nova. Quando vim
para cá, aprendi esses expedientes regimentais, sobretudo com o Paulo Sant’Ana,
que era mestre nesse tipo de uso dos expedientes do Regimento desta Casa.
Assim,
neste momento, quando esta Casa completa 226 anos de existência, uma das mais
antigas instituições deste Estado e da História, sinto-me lisonjeado em prestar
esta homenagem ao Afonso, por toda sua trajetória.
Laços
muito profundos me ligam ao Afonso, de identificação de idéias e ideais, de
lutas, construídos, inclusive, junto com seus familiares. A minha primeira ligação
com o Afonso foi na época do Júlio de Castilhos. Ele ainda não havia ingressado
no Julinho e eu já era colega do Antônio Carlos, e por ali conheci uma das
figuras mais extraordinárias da vida pública deste Estado que, neste momento,
gostaria de lembrar, porque recentemente ocorreu seu falecimento, o Dr.
Leocádio de Almeida Antunes. Este é um registro que faço, com saudades dessa
figura extraordinária de liderança política dentro do trabalhismo rio-grandense
e brasileiro. Pessoa de rara sensibilidade e de grande competência política,
teve sua vida pública podada nos idos de 1964. Certamente, o Afonso herdou essa
característica familiar do Dr. Leocádio e do seu pai, que está aqui, o Sr.
Cassiano Paim da Motta, pessoa que tem uma história na fronteira oeste, no
Alegrete, sempre com coerência nas lutas e nas posições políticas, desde o
antigo PTB, posteriormente MDB e, depois, PDT. E esta foi a escola que fez o
Sr. Afonso Antunes da Motta e nós, Sr. Jaime Sirotsky e Sr. Nelson Sirotsky,
lamentamos, porque se a Empresa RBS ganhou um grande administrador, a vida
pública do Rio Grande do Sul, na sua curta experiência do Afonso Antunes da
Motta, perdeu, porque o Afonso Antunes da Motta foi marinheiro de primeira
viagem num momento muito difícil da trajetória do nosso Partido e nós não
conseguimos, naquela oportunidade, em 1986, elegê-lo Deputado Estadual. Ele,
com sua modéstia, com o estilo que lhe é peculiar, estava desempregado e
mandou, pelo Correio, um currículo para trabalhar na RBS. Deu certo, acabou nessa
posição de Diretor Corporativo dessa Instituição, e fomos perdendo o Afonso
Antunes da Motta gradualmente. O Sr. Nelson Sirotsky e o Sr. Jaime Sirotsky se
encarregaram de, gradualmente, tirá-lo da vida pública, porque ele foi-se
envolvendo e, com o seu talento, foi cumprindo missões e mais missões.
Ele
era do Diretório do nosso Partido e, depois, foi da Executiva, como disse o
autor desta proposição Ver. Nereu D’Ávila. A sua capacidade e a sua trajetória,
que o Ver. Nereu D’Ávila soube com muita propriedade definir, nos mostra essa
competência que ele tem em aglutinar, pois os senhores podem observar que
figuras representativas do trabalhismo estão aqui, presentes a esta homenagem -
o Dr. Sereno Chaise, o Carlos Araújo, a Dilma, e tantos outros próceres do
trabalhismo no Rio Grande do Sul -, porque ele sempre se manteve fiel às suas
ligações, às suas relações, às suas raízes e aos seus amigos. Eu vejo aqui
tantos amigos do Afonso, amizades que foram construídas na faculdade, no
exercício das suas atividades profissionais, na sua militância política. Vejo
aqui aqueles amigos que o acompanharam nas suas experiências políticas, no
início da década de oitenta, quando do processo de redemocratização do País.
Muitos deles estão aqui prestando a sua homenagem a Afonso Antunes da Motta,
nesta Casa repleta, com todos os partidos políticos querendo fazer uso da
palavra em reconhecimento da sua história, do seu trabalho, da sua trajetória
de determinação, seja em relação à coerência dos seus ideais, dos seus propósitos,
da sua condição de ser humano.
Vejo
tua família, Afonso, os teus pais, teus tios, irmãos, os teus filhos todos, a
tua esposa, o nosso sempre Vereador Ábio Hervê, teu avô postiço, que está aqui
presente, nosso decano dos Vereadores porto-alegrenses, prestando esta
homenagem a ti. Vejo figuras que têm por ti a admiração e o respeito que
soubeste conquistar.
Por
isso, nos orgulhamos muito, neste momento, já que não podemos te dar uma
cidadania que já tens, que é a porto-alegrense, de te conceder, por reconhecimento
ao teu trabalho, ao teu empenho, ao teu envolvimento comunitário, às tuas
lutas, o Título de Cidadão Emérito da Cidade de Porto Alegre. Nossos
cumprimentos, em nome da nossa Bancada e da representação política do povo da
Cidade de Porto Alegre, que temos aqui na Casa. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra em
nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores.
O SR. ADELI SELL: (Saúda os componentes da Mesa.) Vereadoras, Vereadores, Senhoras,
Senhores, somos pessoas efetivamente privilegiadas! Privilegiadas, porque
vivemos nesta bela Capital; privilegiadas, porque, antes, viveram, nesta
Cidade, pessoas com muita dignidade, pessoas que muito trabalharam, pessoas que
vivenciaram momentos muito difíceis, que muitas vezes se envolveram em
confrontos. Confrontos políticos, confrontos ideológicos, confrontos de
interesses.
Quase
chegando ao novo século, esta Cidade, onde V. Sa. nasceu, Sr. Afonso Antunes da
Motta, vivencia este momento tão importante. Já passaram aqui pessoas que
dignificaram esta Casa. Na homenagem dos 226 Anos da Câmara, tenho o prazer de
falar em nome da minha Bancada, a Bancada do Partido dos Trabalhadores, do meu
Líder Ver. Guilherme Barbosa, do Vereador Juarez Pinheiro e de todos os nossos
Vereadores, para dizer que vivenciamos um momento que será marcado e lembrado
no futuro, porque aqui estamos levando adiante aquilo que aprendemos com a
nossa história, que é preciso lutar muito mais, porque necessitamos construir uma
cidade ainda melhor, uma sociedade ainda melhor. Muito já foi feito, exatamente
porque temos pessoas como o Sr., pelo seu trabalho, pela sua honorabilidade,
pela sua compreensão de que é preciso entender o contraditório, vivenciar a
diferença, buscar a liberdade e a democracia. Temos certeza de que, quando, ano
a ano, Vereadores aqui voltarem e falarem, poderemos ser uma parte, talvez
pequena, mas importante na construção da sociedade que queremos: melhor e mais
fraterna para os nossos filhos e para os nossos netos.
O
Sr. já era Cidadão de Porto Alegre. Agora, o Sr. é Cidadão Emérito. Trinta e
três Vereadores, que representam o povo de Porto Alegre, lhe dão essa outorga.
E nós sempre dissemos aqui que para os nossos homenageados não apenas damos uma
palavra de louvor e gratidão; nós também cobramos. O Sr. muito já fez por esta
Cidade, mas, sem dúvida nenhuma, fará muito mais ainda, porque está numa
posição extremamente importante, como disse o Presidente desta Casa, Ver. Nereu
D’Ávila. Tenho certeza de que V. Sa. utilizará a sua posição, o seu poder, a
sua condição de fazer amigos e de trazer as pessoas em torno de si, para que
juntos - Poder Público e Poder Legislativo desta Cidade, o setor produtivo de
Porto Alegre e a grande família porto-alegrense - possamos trabalhar mais e
mais juntos e, na diferença, construir a Cidade cada vez mais harmônica e
melhor.
Nesse
sentido, tenho o prazer de lhe prestar essa homenagem em nome da nossa Bancada.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra pela Bancada do PPB.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Especialmente gostaria de ressaltar o tesouro do homenageado: sua
esposa Adriana; seus filhos Ana Teresa, Letícia, Afonso, Lucila e Guilherme,
com seus bisavós Ábio e Ercília Hervê; seus pais Cassiano e Lívia; seus sogros,
Cláudio Roberto e Sandra; seus irmãos, Mara, Cassiano, Mariléia, Rui e
Fernando.
A
Câmara Municipal de Porto Alegre conseguiu definir a melhor forma de festejar
os seus 226 Anos de existência, que é de homenagear pessoas que ajudam a fazer
a história e a vida de Porto Alegre, é o caso de Afonso Antunes da Motta.
Senhoras
e Senhores.
Direito,
Administração e Imprensa.
Essas
três áreas da atividade humana têm, cada uma isoladamente, significância e
abrangência capazes de dar ao seu executor, quando voltado para o cumprimento
de suas finalidades derradeiras, uma importância social que transcende a
própria condição do indivíduo, para colocá-lo como servo do interesse coletivo.
Há pessoas que se realizam plenamente, ao se voltarem com exclusiva dedicação a
uma delas. Há também pessoas que não se realizam em nenhuma delas. Há pessoas
que só se realizam quando ultrapassam as fronteiras do conhecimento e da ação
em cada uma delas, mixando e tornando-as instrumentos de seu talento, colocando
a serviço do bem da comunidade. Essas pessoas, portadoras de vontade férrea de
aprender e exercitar o conhecimento adquirido, são especiais, para as quais não
há obstáculos intransponíveis, nem limites que não possam ser ultrapassados, a
não ser os de natureza moral.
Esta
Casa homenageia hoje uma dessas pessoas, concedendo-lhe o Titulo Honorífico de
Cidadão Emérito de Porto Alegre, por elogiável iniciativa do Ver. Nereu D’Ávila,
ilustre Presidente da Câmara Municipal.
É
por isso, então, que, em nome da Bancada do Partido Progressista Brasileiro,
que tenho a honra de integrar, acompanhado dos eminentes Vereadores João Dib e
Pedro Américo Leal, faço questão de ressaltar a justiça e a oportunidade desta
homenagem a Afonso Antunes da Motta.
Esta
homenagem, mais do que honrá-lo com o Título de Cidadão Emérito, espelha o
reconhecimento da comunidade à contribuição de Afonso Antunes da Motta ao nosso
desenvolvimento social e cultural, dignifica o autor da proposta, engrandece
esta Casa e se estende ao Grupo RBS. Organização essa que, desfrutando posição
privilegiada, no cenário jornalístico nacional, sabe que isso só acontece por
poder contar, em seu quadro funcional, com colaboradores da envergadura pessoal
e profissional do nosso homenageado.
Parabéns,
Afonso Antunes da Motta, novo Cidadão Emérito de Porto Alegre.
Que
Deus o cubra permanentemente de bênçãos, para que possa manter-se sempre ativo
nessa trilha espinhosa, mas gratificante, que é a do bem e do serviço à
comunidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a
palavra pela Bancada do PMDB.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Exmo. Sr. Presidente Nereu D’Ávila, nosso
homenageado desta tarde, Afonso Motta, Senhores, autoridades já nominadas, que
compõem a Mesa, Srs. e Sras. Vereadoras, Srs. Deputados que prestigiam a nossa
Casa com as suas presenças, porto-alegrenses, amigos, familiares de Afonso
Motta; aos alegretenses uma referência especial por virem de tão longe
compartilhar conosco essa alegria.
Eu
falo, neste momento, em meu nome e do Ver. Luiz Fernando Záchia, da nossa
Bancada do PMDB, querendo dizer a todos que o Ver. Nereu D’Ávila, Presidente
desta Casa, proporcionou esta oportunidade, na semana comemorativa dos 226 Anos
da Câmara Municipal de Porto Alegre, de homenagear, com o Título de Cidadão
Emérito de Porto Alegre, o advogado, que muitos pensam ser jornalista, o
porto-alegrense, que muitos pensam ser de Alegrete: Afonso Motta, aqui
presente, o nosso tão conhecido homenageado, Vice-Presidente da RBS.
Fiquei
imaginando as interfaces das duas questões dos objetos da homenagem desta Casa:
a primeira, a história da Câmara e, a segunda, a história de Afonso Motta, que,
pela sua recente história, não pode ser separado da Empresa que representa. A
Câmara é o canal das aspirações da Cidade. O Afonso Motta, dirigindo uma
empresa de comunicação, rapidamente se confunde com ela. E a empresa de
comunicação é o canal que dá visibilidade às aspirações dos cidadãos e as
respostas que lhes damos, ou não.
Fiquei
imaginando que se nós, os Vereadores, somos os ativistas das demandas, os
interlocutores dos anseios, muitas vezes contraditórios do Município,
contribuinte e executores do pacto, que é a cidade, e, fundamentalmente,
negociadores de soluções, somos também os defensores dos interesses do
Parlamento, e sabemos o quanto isso é difícil e exige.
Fiquei
imaginando o quanto deverá ser exigente, o quanto deverá ter sido marcante e
competente a história do Afonso Motta, para exercer uma função extremamente
delicada, que faz, de uma certa forma, lembrar de nossa atuação. Se somos esses
interlocutores, negociadores, representantes da vontade coletiva da Cidade,
acredito que o Afonso Motta exercita no espaço da Empresa privada em que ele é
dirigente, mas que tem uma missão tão pública como a RBS, que é de dar a
notícia. Se, nessa condição, e acredito que está nela por sua história, e que
nessa condição de Vice-Presidente Cooperativo que também responde pela
interrupção, pela negociação, pelo tratamento diferenciado nas questões
polêmicas, faz, nesse espaço, uma ação talvez tão difícil quanto a que nós,
aqui, fazemos, porque responde pelo tratamento diferenciado em questões
contraditórias. Fazendo interrupção, intermedeia os contatos da Cidade,
aproxima a RBS dos segmentos que compõem Porto Alegre na área da cultura,
esporte, entre jornalistas, na tão recentemente questão da área agrícola.
Penso
que, neste final de século, onde o maniqueísmo não tem mais tanto espaço como
tinha antes, começamos a perceber que alguns papéis são fundamentais, quer seja
no espaço público, quer no espaço privado, se eles forem desenhados e
construídos com o pensamento e a representação do coletivo.
Parabéns
pela história e pela contribuição que você, como filho de Porto Alegre, hoje
reconhecido por nós, tem dado a esta Cidade. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
e falará em nome da Bancada do Partido da Frente Liberal.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) A Bancada do Partido da Frente
Liberal integrada, nesta Casa, por este Vereador e pelo Vereador Gilberto
Batista, teve hoje a oportunidade de vivenciar uma situação nova. O Ver.
Gilberto Batista lembrava, no início dos trabalhos, que não nos reunimos para
designar quem seria o orador da tarde de hoje. Esse talvez tenha sido algum
resquício de quem se acostumou, ao longo do tempo e por muito tempo, a ser o
único liberal da Casa e que agora vê a sua trincheira enriquecida por esse
jovem valoroso, que é o Ver. Gilberto Batista. Eu disse ao Vereador, como um
ato de defesa absolutamente justo e autêntico, que eu tinha, com o homenageado,
um relacionamento pessoal que não me permitia abrir mão da possibilidade de
representar a Bancada nesta solenidade. Aliás, o PFL que é o último Partido a
se manifestar na Casa, por um hábito, sempre tem a responsabilidade de
verificar se algum dos oradores anteriores cometeu alguma omissão ao enfocar a
figura do homenageado, suas características pessoais, e as razões pelas quais
levam um sodalício como este a unanimemente outorgar essa deferência a um
dinâmico empreendedor, advogado do Rio Grande.
Eu
me socorri do Ver. Isaac Ainhorn, que teve uma lapidar expressão, quando disse
que essa cooptação da RBS ao Afonso Antunes da Motta privou a vida política do
Estado de um grande valor. E essa perda de qualidade, acentuada pelo Isaac,
ninguém, perdoem-me essa ousadia, poderia avaliar mais, neste Legislativo, do
que quem está ocupando a tribuna nesta hora. Nunca fui correligionário do
Motta. Desde os bancos acadêmicos nossas posições sempre foram diversas.
Em
1986, o Rio Grande não fez só uma omissão, ao não ter eleito um belo deputado
pela fronteira, o Dep. Afonso Antunes da Motta, fez duas: deixou de eleger
também Reginaldo Pujol, então concorrente. Isso me autoriza dizer que também
naquela ocasião enfrentei o Motta, dialoguei com ele em instâncias diversas, desde
aquela poderosa rádio do Alegrete, que eu suspeito que tenha sido ouvida até no
Rio de Janeiro. Vi não só talento, o talento que o Rio Grande desperdiçou, mas
vi também qualidade. Como eterno adversário do Motta, sinto pela perda de
qualidade do debate político porque com o Motta é possível divergir de forma
alta, digna, qualificada e, sobretudo, conseqüente. Ele não é adepto do debate
radical, inconseqüente que a nada leva.
Cheguei
até a suspeitar, Motta, que a tua proximidade ao meu grande líder, o teu avô
emprestado, Ábio Hervê, tivesse te transferido essas qualidades. Mas sei que
ele é bem mais precoce. Provavelmente, seja origem do teu pai, que sempre foi
um homem de posição firme, mas que sempre se fez respeitado por seus
adversários como sempre os respeitou. Porto Alegre, de certa forma, está-te
resgatando no dia de hoje ao te conceder a cidadania emérita porque - aqui é um
protesto de quaraiense - estávamos sentindo que o perdíamos pouco a pouco para
os alegretenses, que estavam-se adonando desta figura que a nós pertence.
Ao
fazer este resgate, por iniciativa do Ver. Nereu D’Ávila, nós, do PFL, nos
sentimos muito à vontade para estabelecer, na tua figura e no teu exemplo, um
parâmetro da nossa atuação neste Legislativo, onde, mercê das urnas, somos
oposição ao Governo do Município e, agora, também, oposição ao Governo do
Estado. Mas não cultivamos o radicalismo como forma de se chegar a nenhum tipo
de conseqüência, porque o radicalismo é, por si só, inconseqüente.
Tu,
hoje, que foste cooptado por esta tradicional Empresa de Jornalismo e
Comunicação do Rio Grande, a RBS, vais continuar, tenho certeza, desenvolvendo
o teu talento nesta trincheira nova, na área de comunicação. E nós vamos
continuar te respeitando, te querendo bem e afirmando, como agora estamos a
afirmar, a correção da proposta do Ver. Nereu D’Ávila e a correção maior ainda
do conjunto dos trinta e três Vereadores da Casa que, unanimemente, te
outorgaram o Título de Cidadão Emérito.
Teus
colegas de Empresa, os inúmeros jornalistas que aqui se encontram presente,
figuras como o nosso ex-colega Ver. Paulo Sant’Ana; figuras que dizem respeito
à história política do nosso Estado, como o Cândido Norberto; os parlamentares
que, hoje, aqui estiveram ou que, aqui, ainda se encontram, como o Deputado
Cézar Busatto, o teu familiar Frederico Antunes e o Presidente do meu Partido,
Deputado Germano Bonow, esse conjunto de pessoas tão representativas atesta de
forma clara, objetiva e definitiva o acerto da proposição. A Câmara Municipal
de Porto Alegre, num momento muito inspirado, fez justiça e escolheu um bom
exemplo para oferecer à comunidade.
Homens,
com as tuas qualificações, que se destacam na vida da Cidade e que o fazem com
talento e inteligência, são, efetivamente, Cidadãos Eméritos de Porto Alegre.
Muito obrigado.(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Já que o Ver. Reginaldo Pujol citou
alguns Deputados e nós referendamos isso, eu vou citar os que não foram
referidos, porque, se não o fizer, fica incompleta a nominata. Nos honram com
suas presenças o Dep. Adroaldo Loureiro, ilustre representante de Santo Ângelo;
o sempre Deputado Cândido Norberto, nosso velho amigo; o ex-Deputado Carlos
Araújo, junto com o Dr. Sereno Chaise; o Dep. Vieira da Cunha. Citamos, também,
com muito carinho, Ana Amélia Lemos, nosso querida gaúcha de Lagoa Vermelha,
que veio de Brasília; Carlos Fernandes, que representa a nossa Senadora Emília
Fernandes; os Vereadores que não usaram da palavra: Elói Guimarães, João Bosco
Vaz, Juarez Pinheiro, Guilherme Barbosa, Paulo Brum, Sônia Santos e Antônio
Losada. Citamos, também, o grande comunicador e amigo, Lauro Quadros, que foi
Vereador; a nossa querida Tânia Carvalho; o nosso amigo e grande comunicador da
política, José Barrionuevo; o comunicador Lasier Martins. Aprendi, muito cedo,
que citar nomes é um perigo quando há um conjunto de estrelas assim, mas estou
tentando contemplar a todos.
O
Ver. Lauro Hagemann está com a palavra.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Tenho a honra de falar em nome do
PPS e também do PSDB.
É
pertinente e emblemática esta Sessão para o Município de Porto Alegre, porque
se conjugam duas homenagens que se aproximam muito. Uma, aos 226 anos de
funcionamento da Câmara em Porto Alegre. Esta Casa vai comemorar, no ano que
vem, 250 anos, porque esta é a Câmara da Capital que começou a funcionar em Rio
Grande, depois foi a Viamão e depois veio para Porto Alegre. Aqui, ela está
comemorando 226 anos!
O
segundo evento é a homenagem que se presta ao caríssimo Dr. Afonso Antunes da
Motta. São duas solenidades que se conjugam, porque a existência do Parlamento,
durante todo esse longo tempo, pressupõe, também, o acompanhamento por parte da
sociedade, e nada melhor que seja por uma empresa de comunicação, que é a
expressão natural da sociedade. As duas instituições não funcionam uma sem a
outra. Por isso que nós, hoje, preconizamos uma radicalidade democrática. E a
figura do homenageado nos propicia esse pensamento oriundo de uma vertente
política popular e essencialmente democrática, a figura do Afonso nos faz
raciocinar e pensar sobre este aspecto: a importância que tem a figura do
homenageado no concerto da Cidade. Isso, para nós, representantes do povo, é
muito importante e nós outorgamos ao Dr. Afonso esse Título de Cidadão Emérito
da Cidade de Porto Alegre com uma naturalidade que nos faz tranqüilos e
perfeitamente à vontade, porque estamos associando essas duas funções: a
parlamentar e a de comunicador. Esse é o sentido maior desta Sessão, por isso,
a sociedade porto-alegrense se compraz em recebê-lo como um de seus Cidadãos
Eméritos. Nós temos muitos eméritos, mas, existem sempre as distinções.
A
RBS, como uma das maiores empresa de comunicação deste País, tem essa obrigação
para com a Cidade, com o Estado, com o Brasil, de proporcionar um veículo de
aproximação entre os cidadãos. Acho que neste instante em que a sociedade se
debate num processo democrático de integração, esse papel deve ser ressaltado
e, na medida do possível - nós achamos que isso esteja sendo cumprido -,
continue proporcionando esse canal de comunicação do qual o nosso homenageado,
hoje, é um dos principais baluartes. É um homem que ajuda a dirigir uma
poderosa empresa de comunicação, que tem um papel destacado no processo de
avanço democrático da Cidade, da sociedade, assim como tem esta Casa de
respeitar a pluralidade do pensamento dos cidadãos que vivem em Porto Alegre.
Meus
parabéns! Muito obrigado por compor conosco a cidadania porto-alegrense nos duzentos
e vinte e seis anos de aniversário desta Casa em Porto Alegre. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de passar a palavra ao próximo
orador, queremos registrar mais algumas a presenças ilustres que temos aqui:
Secretária de Estado Dilma Rousseff; nosso amigo Kenny Braga; Jornalista
Marcelo Rech, Diretor de Redação da Zero Hora; Raul Costa júnior, Diretor de
Telejornalismo da RBS TV; Marco Antonio Baggio, Gerente da Rádio Gaúcha;
Jornalista Rosane de Oliveira, editorialista de Zero Hora; Chargista Marco
Aurélio, da Zero Hora.
Atendendo a uma solicitação que não podemos negar, até pelo carregado tom de ligação que o homenageado tem com esta Cidade, nós vamos quebrar o protocolo, porque se impõe esta situação. Então, passamos a palavra ao Sr. Rui Fabris, da Casa do Alegrete, que deseja fazer uma homenagem ao Sr. Afonso Motta. (Palmas.)
O SR. RUI FABRIS: (Saúda os componentes da Mesa e demais convidados.) Eu tenho a honra de representar a Casa do Alegrete neste momento, solidarizando-me com esta justíssima homenagem ao nosso amigo, irmão, companheiro Afonso Antunes da Motta. Eu represento uma entidade que o Afonso nos ajudou a idealizar e a fundar, no dia 27 de maio de 1987. O fato de os Vereadores terem-se manifestado anteriormente, torna a minha situação difícil e fácil. Difícil, porque eu não tenho o dom da oratória, e fácil porque me poupam alguns elogios já mencionados ao nosso amigo e conterrâneo - continuamos insistindo que o Afonso é alegretense.
Quero
aproveitar a oportunidade para dizer ao Vereador e amigo Isaac Ainhorn que nós,
alegretenses, tivemos mais sorte do que o nosso Partido, o PDT. O Afonso, por
mais atividades que tivesse na sua vida profissional, jamais se afastou do
nosso convívio. Aos domingos de manhã, sempre temos o prazer de recebê-lo
fardado com a camisa número três, do time de futebol que nós formamos desde
1971. Hoje olho tantos companheiros que nos ajudaram nessa empreitada, de
prestigiar o nome de nossa Cidade e o Afonso Antunes da Motta sempre nos deu o
prazer da sua companhia por todas as qualidades já mencionadas nesta Câmara.
Afonso Antunes da Motta, nosso querido irmão, o nosso abraço.
Convido,
para complementar a nossa homenagem, o Sr. Vitor Borges de Mello, Presidente da
Casa do Alegrete, o Sr. Alceu da Silveira Vargas, Presidente do Conselho e a
Sra. Terezinha Albuquerque, nossa Secretária, para a entrega do Brasão da Casa
do Alegrete, entidade que congrega os alegretenses em Porto Alegre e que o
Afonso Antunes Motta nos ajudou a fundar. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
(É
procedida à entrega do Brasão.)
O SR. PRESIDENTE: Procederemos, agora, à entrega do Título
de Cidadão Emérito de Porto Alegre.
(É
procedida à entrega do Título ao Sr. Afonso Antunes da Motta.)
O
Sr. Afonso Antunes da Motta está com a palavra.
O SR. AFONSO ANTUNES DA MOTTA: (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Permitam que eu faça a referência ao meu avô, como já foi
mencionado, Ábio Hervê, inscrito nas páginas desta Casa, ao meu amigo Paulo
Sant’Ana, de atuação destacada neste Plenário, à minha mulher Adriana, que tem
a difícil missão de contribuir com o meu equilíbrio mínimo, em função da vida
atribulada e da exposição pessoal que tenho. Meus queridíssimos filhos, minha
filha Letícia e meu genro Silvio, já tenho genro; o Afonsinho; a Lucila, o
Gugui, Guilherme; a Tereza. Meu pai e minha mãe já referidos, meus irmãos, meu
sogro e minha sogra, o Bebeto, a Sandra, demais familiares que aqui se
encontram presentes.
Meus
prezadíssimos companheiros da RBS, uma referência à serenidade, à experiência
do Jaime, nosso Presidente do Conselho de Administração, essa serenidade, essa
experiência presentes em todos os momentos da nossa trajetória.
Ao
Nelson, meu parceiro e amigo com quem compartilho, invariavelmente, das 9 horas
da manhã às 9 horas da noite, um dia-a-dia demandante e, ao mesmo tempo, muito
fascinante que faz com que a nossa responsabilidade se exteriorize nos nossos
diferentes veículos, enfim, na nossa trajetória empresarial.
Meus
companheiros já referidos, jornalistas e comunicadores que dão um brilho
especial a nossa empresa. Meus companheiros do Comitê Executivo, enfim, todos
os companheiros que compartilham conosco o dia-a-dia da RBS.
Meus
companheiros do ativismo, meus companheiros do PDT, sempre companheiros, meus
companheiros da Ordem dos Advogados, meus companheiros Advogados; meus
companheiros do Internacional; meus companheiros do setor rural. Meus amigos de
ontem, meus amigos de hoje, meus amigos, que sabem todos eles que são meus
amigos de sempre. Minhas Senhoras e meus Senhores.
Cada
um de nós é aquilo que crê, o que conta, no entanto, não são as crenças
proclamadas, mas aquelas que se praticam e que por isso não perdem a sua
fortaleza nem mesmo diante dos incessantes desafios pela vida. Talvez, resida
nessa tormentosa contradição que povoa a minha alma a fonte de energia que me
tem levado a colocar paixão em tudo o que faço.
A
reflexão que me vem a mente, nesse momento, em que compareço à Casa do Povo de
Porto Alegre, para receber por generosa proposição de seu Presidente, o Ver.
Nereu D’Ávila, a honraria que me outorgam, estejam certos, conservarei como uma
das mais altas distinções da minha vida. O Título de Cidadão Emérito assume,
para mim, menos o caráter de um reconhecimento a eventuais méritos pessoais, e
mais de um compromisso com esta Cidade, que aprendi a amar e admirar, colocando
nisso, como já referi, meu coração e meus sentimentos.
Nascido
aqui, com poucos meses de idade, transferi-me para o Alegrete, onde forjei o
meu caráter e assimilei algumas lições fundamentais de vida. Ali, aprendi,
desde cedo, que na essência do relacionamento pessoal há que estar presente a
confiança e a afetividade, independentemente de classe, cor ou credo político
ou religioso.
Aprendi,
em especial, que ser companheiro é não esquecer o que está na interpretação
literal da expressão “Cum panem” - aquele que conosco divide o pão e a
lealdade. Com quantos que estão aqui eu dividi o pão e dividirei sempre a
lealdade.
Tive
o privilégio de conhecer e conviver, desde a infância, com pessoas que traziam
na alma a vocação da mudança e a vontade de transformação. Foi ainda lá que
busquei me mirar nos exemplos de personalidades alegretenses extraordinárias,
como um Osvaldo Aranha, um Rui Ramos, um Mário Quintana. Todos eles, cada um a
seu modo, cidadãos do mundo.
Talvez,
eles também tenham motivado o adolescente que fui, a transcender a minha
circunstância e sonhar com horizontes cosmopolitas. Era assim, bela, distante e
universalista, que me parecia, então, a Cidade em que eu nascera, à qual, nunca
mais tinha retornado.
De
sorte que, em 1966, quando com dezesseis anos, retornei à Porto Alegre, tinha
escolhido um caminho de desafios e de conquistas. Se me permitem o recuo
nostálgico, direi que a Capital do Rio Grande do Sul harmonizava, de forma
notável, as características de uma metrópole e de uma certa atmosfera,
docemente provinciana, os arranha-céus, a vitalidade cultural, um grande centro
industrial e financeiro, conviviam com os bondes, com as repúblicas de
estudantes, os nossos velhos chateaus,
como dizíamos, com o futebol de várzea que pratiquei na Av. Ipiranga, no
Colégio Santo Antônio, na Ilha da Pintada e, enfim, em diversos locais de Porto
Alegre. Tudo isso eu convivia, e com o encanto da Rua da Praia, com as praias e
paisagem do rio que não é rio.
Restaram-me
desse tempo lembranças inapagáveis, delas se nutrem ainda hoje os vínculos que
me ligam a esta Cidade. Ficou-me também a memória de um tempo de afirmação
pessoal, de muita luta, de muita iniciação na vida profissional, em primeiro,
como balconista de farmácia e, logo depois, como aprendiz do ofício de direito,
que não tardei a praticar no escritório de advocacia de meu querido e saudoso
tio Leocádio Antunes. Trabalhei ainda no Conselho Regional de Contabilidade do
Rio Grande do Sul, no Grupo Maisonnave e na Imcosul, aos quais dei minha
contribuição de advogado e de dirigente empresarial.
Há
mais de doze anos, outra vem sendo a minha senda. Orgulho-me de pertencer à
RBS, onde encontrei minha plena realização pessoal e profissional.
Compartilhando com o Nelson e os demais companheiros da direção dessa grande
Organização, tenho certeza, podemo-nos envaidecer de algumas conquistas no
campo social. Somos cinco mil e quinhentos colaboradores na RBS e, desde o mais
modesto colaborador ao principal dirigente da Empresa, todos participam dos
seus resultados e seus lucros. Temos tido privilégio, desde o ano de 1991, de
atribuir a todos os colaboradores uma parte dos resultados da Empresa, pela sua
participação e contribuição.
A
RBS PREV, a nossa entidade de previdência, assegura aposentaria digna a cada um
dos nossos companheiros. Através da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, que
tenho orgulho de ser conselheiro, a RBS investe maciçamente no social, só no
ano passado, aplicamos mais de nove milhões de reais em projetos dirigidos, em
especial, a menores carentes no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Fico aqui
para não falar nas nossas bandeiras, no conjunto das nossas iniciativas, objeto
de uma ação permanente de todos os nossos veículos; nossas emissoras de rádio,
nossos jornais, nossas emissoras de televisão, nossas emissoras televisão paga.
Mas,
como grupo de comunicação social, a RBS tem compromissos mais amplos, no
exercício da missão que as sociedades pluralistas reservam à imprensa livre,
independente e responsável. Pautada pela isenção, pelo amor à verdade, pela
retidão de princípios, a imprensa, como já foi referido desta tribuna
anteriormente, constitui um dos pilares da democracia e um dos esteios do
Estado de Direito.
Não
são outros os valores que norteia a atuação da RBS, orientada por um ideário
que determina o respeito pelo ser humano, a defesa da democracia pluralista e
representativa, a vinculação comunitária, a distinção clara entre opinião e
informação, a defesa da liberdade em todas as suas formas, a oposição à censura
e a qualquer tipo de discriminação, a defesa da economia de mercado e da livre
iniciativa com responsabilidade social.
Como
proclamou a Declaração de Chapultepec, subscrita pelos países deste continente:
“somente através de livre expressão e circulação das idéias, da busca e difusão
de informações, da possibilidade de indagar e questionar, de expor e reagir, de
coincidir e divergir, de dialogar e confrontar, de publicar e transmitir é
possível manter uma sociedade livre”.
É
um compromisso que os meios de comunicação compartilham com o Brasil, que
precisa crescer e se consolidar como sociedade democrática.
Ilustres
Vereadores, meus amigos, ilustres Líderes de Bancadas, que me homenagearam,
muito obrigado. Toda a minha trajetória, como ser humano e como profissional,
vem sendo marcada por um sentimento: o da lealdade. Dela afirmou Sêneca que “é
o bem mais sagrado do coração humano”. Refiro-me à lealdade. É essa mesma lealdade
a minha Cidade que sinto hoje acrescida de gratidão e de reconhecimento pela
distinção que recebo da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Depositária
de 226 anos de gloriosas tradições de civismo, parte inseparável da história
desta Cidade, voltada permanentemente à promoção do desenvolvimento e do
bem-estar social da Capital do Rio Grande do Sul. A sua trajetória inspira
admiração e respeito. Como a imprensa, é o Legislativo um dos sustentáculos da
democracia e da liberdade. Eu rendo à Casa do povo, neste momento, a minha
homenagem. Renovo a cada um de seus ilustres membros e, em particular a seu
preclaro Presidente, o meu reconhecimento por este Título. Estejam certos de
que a honraria que me conferem hoje, dá-me motivos para contribuir, por todos os
meios ao meu alcance, para que Porto Alegre preserve a sua maior conquista, a
de Capital de mais alto nível de qualidade de vida do nosso Brasil. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Estamos no final desta solenidade de
outorga do título de Cidadão Emérito ao Sr. Afonso Antunes da Motta.
Em tempo, no final desta Sessão Solene, tão
representativa e emotiva, registramos a presença do Cel. Irani Siqueira,
representando o Comando Militar do Sul; da Associação Rio-Grandense de Imprensa,
representada pelo Jornalista Batista Filho, de dois ilustres poetas desta
terra, Luís Coronel e Luís de Miranda, demais pessoas ilustres que nos honraram
com suas presenças, nosso agradecimento.
Nas
comemorações dos 226 Anos da Câmara Municipal de Porto Alegre, vivenciamos,
nesta tarde, um dos momentos mais altos da trajetória de liberdade desta Casa.
Convidamos
a todos para, em pé, ouvir o Hino Rio-Grandense.
(Executa-se
o Hino.)
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 20h10min.)
* * * * *